Italianos trouxeram para o Brasil a tradição de comemorar o dia de Santa Luzia na noite do dia 12 de dezembro
Sabe aquela história de colocar as meias na lareira, ou sapatinhos na janela, com bilhetes pedindo presentes ao Papai Noel? No dia seguinte, as crianças encontram o presente pedido no lugar do bilhete.
Tradição semelhante é realizada na noite do dia 12 de dezembro para comemorar o Dia de Santa Luzia, na Itália também chamada de Santa Lucia (lê-se Santa Lutía). Mas no lugar de bilhetes para o Papai Noel, as crianças deixam nas janelas e portas das casas, alimentos para o burrinho de Santa Luzia. Pela tradição, Santa Luzia passa com seu burrinho em frente às casas na madrugada do dia 13, deixando doces em troca do capim ou de cenouras deixadas para o animal.
Assim como o Papai Noel, Santa Luzia também recompensa as crianças que se comportaram bem durante o ano. Os que foram desobedientes, recebem no lugar de doces, pedaços de carvão. Hoje as lojas da Itália vendem balas em forma de carvão, o carvão doce.
Essa comemoração é realizada também no Brasil, mesmo que com uma intensidade menor. Uma tradição trazida pelos imigrantes italianos que já se mantém por muitas gerações. Por aqui a comemoração ao Dia de Santa Luzia é realizada especialmente em cidades em que a santa foi eleita padroeira.
Santa Luzia, conhecida como a protetora dos olhos, é padroeira dos oftalmologistas e de cidades em Minas Gerais, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba, Bahia, Paraná, Goiás, Piauí.
No município de Alfredo Chaves, região serrana do Espírito Santo, por exemplo, as crianças costumam deixar perto da árvore de Natal, pratos com capim e milho, enfeitados com flores. O mesmo acontece em outra cidade do Espírito Santo, Anchieta, que tem muitos descendentes de italianos.
O escritor e jornalista Hésio Pessali, numa entrevista ao site G1, explicou que essa tradição de Santa Luzia é parte do costume italiano de celebrar as festas do calendário católico. Nesse contexto, segundo Pessali, a comemoração ganha um aspecto também social e afetivo, de encontro de pessoas e famílias.
A história de Santa Luzia
Mas você sabe a história de Santa Luzia, essa mulher italiana santificada, que teria arrancado os próprios olhos para não servir a um deus pagão?
De acordo com o site de notícias do Vaticano, Luzia nasceu em uma família nobre, no fim do Século III, na cidade de Siracusa. Foi educada dentro dos princípios do Cristianismo.
Quando ficou órfã de pai, ainda era uma menina. Luzia desejava ser freira, mas a mãe dela, chamada Eutíquia, prometeu a filha em casamento a um jovem nobre, que não era cristão. Luzia então adiou o casamento por diversas vezes, acreditando que um milagre a tiraria desse destino indesejado.
No ano 301, Luzia acompanhou sua mãe à cidade de Catânia. A mãe sofria de uma doença que provocava fortes hemorragias, e não tinha conseguido a cura por meio da medicina. Foram então pedir à Santa Ágata a graça da cura. Luzia teve um desmaio e recebeu a mensagem de Santa Ágata, dizendo que ela mesmo poderia curar a própria mãe. E assim foi. Santa Ágata teria dito também que o Senhor Jesus Cristo apreciou o desejo dela manter a virgindade. Por isso Luzia decidiu renunciar ao marido, e vender seu dote para fazer caridade aos pobres.
O futuro marido de Luzia não aceitou a decisão da moça e a denunciou ao Império Romano, acusando-a de oferecer culto a Cristo e, assim, desobedecer as regras impostas por Diocleciano, imperador de 284 a 305.
Era um período da perseguição religiosa, em que o imperador Diocleciano realizou a mais sangrenta caçada aos cristãos que se diziam tementes da Deus.
Luzia é presa e interrogada, mas sustenta a decisão de servir apenas a Deus. Como ela fazia questão de se manter casta, o governador então ordena que a levem ao prostíbulo, para, como castigo, servir à prostituição.
Conta a tradição que, mesmo sem a resistência de Luzia, dez homens juntos não conseguiram levantá-la do chão. Foi, então, condenada a morrer ali mesmo, queimada. Mas o fogo atirado sobre ela não pegava. Furioso, o imperador decide matá-la com um golpe de espada. Assim, Luzia foi decapitada em 13 de dezembro de 304.
Toda a história, até então somente oral, foi confirmada em 1894, quando se descobriu uma inscrição em grego antigo em Siracusa, Ilha da Sicília. A inscrição tinha o nome de Luzia e contava sobre sua morte no início do século IV.
Desde 1860, o corpo de Santa Luzia está na Catedral de Veneza – igreja de San Geremia.
E você, conhecia a história de Santa Luzia? Esperamos que tenha gostado desse conteúdo. Até a próxima!